27 outubro 2012

Aprisionada


Capas de livros são importantes para mim. Mais do que algo que somente protege o miolo, capas são uma amostra grátis uma ideia geral do livro e (porque não?) uma espécie de objeto decorativo.

Já comprei e deixei de comprar uma quantidade ridiculamente grande de livros graças a sua arte de capa. Algumas editoras (muitas grandes, aliás, anulando a desculpa da falta de dinheiro para capistas decentes) escorregam feio nesse aspecto, me fazendo crer num problema de visão coletivo dos envolvidos com a produção; outras me deixam boquiaberta, admirando suas capas por minutos e minutos como uma obra de arte em um museu.

Comprei Aprisionada pela capa (que é ainda melhor ao vivo graças a textura) e apesar deste ter me oferecido uma leitura mediana, servirá muito bem para enfeitar minha estante.



Para quase todos nós, a data da morte é algo incerto. Por um lado é extremamente positivo, já que a suposição de longevidade nos faz construir coisas, e não  somente usufruir delas – mas a dor de quem perde um ente querido repentinamente e o medo de que não cheguemos vivos em casa a noite é bem real.

Em Aprisionada, a ciência moderna criou uma geração forte, saudável e quase imortal, mas com filhos de, digamos assim, menos sorte. Não há a exclusão de um acidente repentino, mas há a existência de um prazo de validade para a tal “segunda geração”: 20 anos para as mulheres e 25 para os homens
Com só a América do Norte sobrevivente ao cenário-base de distopias (guerra, fome etc) as coisas estão uma bagunça, a escassez do povo em contraste com a opulência das grandes casas – uma espécie de nova aristocracia, com os governadores de casa comandando um batalhão de empregados (em sua maioria, órfãos literalmente leiloados para a labuta).

Não é só essa “nova aristocracia” que relembra uma retomada dos velhos costumes (ou atuais, se considerarmos outras partes do mundo): garotas são seqüestradas e vendidas para casamentos forçados com os governadores de casa. Para algumas meninas – crianças órfãs e prostitutas, por exemplo – ser escolhida é uma benção; para outras, uma maldição.

A sempre cuidadosa Rhine se torna uma dessas garotas, escolhida pelo Senhorio Vaughn para casar-se com seu filho, o governador Linden, graças a heterocromia de seus olhos – um é verde e o outro castanho. Aos dezesseis anos, ela é a “esposa do meio”: Cecily, de treze e Jenna, de dezoito, também se casam com Linden.

A casa é bastante confortável, suas esposas-irmãs são quase sempre uma boa companhia e Linden realmente a ama – mas Rhine quer sua liberdade, e quer voltar para Rowan, seu irmão gêmeo e única família que lhe resta no mundo. Completando com a excentricidade de seu sogro (que passa os dias dissecando cadáveres, a fim de encontrar uma cura que faça Linden ultrapassar a data mortal do aniversário de vinte e cinco anos), a fuga é a coisa mais lógica a se fazer.

Aprisionada é tão morno que nem sei exatamente o que não gostei nele. O desenvolvimento é um pouco lento, mas isso geralmente não é um problema (adorei Delírio, por exemplo, que compartilha dessa característica). A escrita da autora é bastante bonita e poética, mas estruturalmente ela cometeu o erro de colocar poucos “problemas de percurso”, mistérios e subtramas – graças a isso eu não ficava curiosa como o usual entre uma sessão de leitura e outra.

Rhine crê ser bastante calejada – e de fato é, mas detesto quando personagens reafirmam quaisquer características sobre si mesmos. Isso revela uma certa insegurança do autor: talvez Lauren DeStefano tenha tido dificuldades de enxergar Rhine como uma pessoa real, e viu a auto-declaração como a única maneira de expressar sua personalidade. Erro, erro, erro.
Linden é um pouco ingênuo demais, e tomar uma menininha de treze anos como esposa não me inspira simpatia. A única personagem que de fato me apeguei foi Jenna – seu escudo em forma de introversão me pareceu o mais crível e bem desenvolvido dentre todas as personalidades no livro.
Aprisionada é uma trilogia e, mesmo tendo classificado o livro como mediano, provavelmente lerei seus outros volumes – minha curiosidade e a aparência da minha estante agradecem.



12 comentários:

  1. Oie Isa
    eu comprei esse livro exatamente pela capa - que é linda pessoalmente - mas ainda não o li. Imaginava uma distopia, mas totalmente diferente, jurava que tinha um forte romance, mas pelo visto me enganei. Mas ainda assim sua nota foi satisfatória, o que me leva a ficar curiosa sobre o livro.
    bjos

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  2. Já ouvi falar desse livro, principalmente por causa da capa. Vários blogueiros e bookaholic acharam-na linda e eu concordo. Não julgo muito livro pela capa, na verdade, quanto mais simples e estranha, mais eu gosto (acho que isso é julgar, não é? haha). De qualquer forma, apesar de ter achado morno, fiquei com vontade de ler.

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  3. Já deixei de ler muito livro por causa da capa: o que não é lá uma boa ideia. Especialmente pq esteticamente cada um tem um gosto, esta capa deste livro por exemplo, eu não compraria nem morta...rs

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  4. Eu adoro comprar livros pela capa, e essa tá realmente lindíssima. Não o compraria pq é de uma série e estou fugindo delas no momento, haha. Mas assim como você se eu tivesse comprado ele, também compraria os outros volumes. E a estante agradece 2!!
    Beijo!!

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  5. Compartilho da sua opinião em tudo, inclusive o comentário sobre capas. Só que eu não pretendo ler as sequências. Só me importei mesmo com a Jenna, e como a autora já "resolveu" a personagem logo, não ligo pro que acontece com os outros.

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  6. Obrigada pela visita la no blog!

    Eu tb vejo muito a capa do livro e 99% das vezes eu compro ou rejeito um livro por causa dela.
    Esse livro tem a capa muito bacana, mas nao sei se leria... Pela resenha parece muito agua com açucar e nao despertou minha curiosidade. EU li Delirio, mas por ser floreado eu nao curti muito.
    Gostei da sua resenha. Ajudou a saber mais desse livro

    Bjokas
    Flavia - Livros e Chocolate

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  7. "Já comprei e deixei de comprar uma quantidade ridiculamente grande de livros graças a sua arte de capa." ----> Parece eu falando. Claro, meu vocabulário não é tão bonito, então eu provavelmente falaria: "Já comprei um caralhão de livros por causa das capas." Mas acredito que compartilhamos desse amor pelo design de capa, sinceramente, é a coisa que eu mais aprecio em um livro, antes mesmo da história! Se um livro tem uma capa bonita pra mim, então eu dou muito mais chances à ele, perdoando eventuais deslizes só pela ótima direção gráfica. Contudo, se tiver uma capa não tão boa (com exceção dos livros da Richelle Mead), eu já começo a apontar cada defeitinho. CLARO que uma capa não define em todo minha opinião sobre a obra, mas influência.
    Acho, assim como você, a capa de Aprisionada um colírio para os olhos, mas compreendo que talvez a estória não tenha sido tão bem desenvolvida como poderia, confesso que só não comprei ele até hoje porque sua avaliação no skoob estava abaixo de 4 estrelas e acredito agora que não comprarei mesmo, nada contra especificamente, acho que talvez eu até fosse gostar da trama mesmo sendo mediana. Mas ando precisando de livros arrebatadores, inesquecíveis, sabe?
    OBS: ultimamente, ando percebendo algo em relação a Underworld: capas lindas, histórias nem tanto.
    Ótima resenha!
    Dá uma passadinha lá no blog?
    Beijos.
    Caroline.
    http://comaliterario.blogspot.com.br/

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  8. Pronto, me convenceu mais ainda a ler esse livro, você não tem noção de como o quero, desde que li sobre ele nos blogs do exterior eu tenho uma vontade de imensa de ler a estória de perto. Tenho duas distopias aqui para ler e ainda não li nenhuma, mas assim que ler, tenho certeza, vou correr pra comprar mais essa.

    Beijos e parabéns pela resenha, como sempre, você escreve maravilhosamente bem. Tudo Tem Refrão

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  9. Sou apaixonada pelas capas da saga "Desventuras em Série", do livro "A Imitação da Rosa" (minha preferida até agora) e de "Orgulho, Preconceito e Zumbis" (cuja capa compensa o conteúdo deplorável do livro). Julgo o livro pela capa mesmo, e atire a primeira pedra quem nunca fez isso. Aliás, como quero ser designer, uma de minhas fantasias é justamente elaborar uma capa para um livro... Delirinho *-* ! Aprisionada me pareceu interessante, algo como uma neo-rapuzel sem longas tranças e aprisionada por um casamento, mas pelas suas críticas, suponho que a autora teve muitas ideias mas não soube encaixá-las e organiza-las no livro, deixando-o um pouco vago. Mas quem sou eu pra julgar? Abandonei vários projetos "literários de ficção" por não saber o que colocar no próximo capítulo. Isso, é dom de fortes.

    Beijos ;*

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  10. Realmente a capa de um livro vai além de proteger seu conteúdo interno. Eu sou o tipo de leitora que me sinto atraída por alguns livros, principalmente por causa de suas capas.
    Já vi algumas resenhas deste livro, e cheguei a ficar curiosa, mas sua resenha hoje me deu um outro ponto de vista para essa história. Se um dia surgir a oportunidade estarei lendo com certeza, porém não é nada tão urgente, isso de tomar uma menininha de treze anos como esposa também não me agradou muito.

    xoxo
    http://amigadaleitora.blogspot.com.br

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  11. Bel, isso de comprar livros pela capa é algo que afeta a todo bom leitor pela menos uma vez na vida, ahahaha. Acontece mesmo, e nem sempre a expectativa é superada. Pelo menos você achou a história mediana... eu, no meu caso, acho que não teria vontade de continuar. Ou, sei lá... também sou tããoo curiosa. AHAHAHA
    Adorei a resenha!

    Um abraço!
    http://universoliterario.blogspot.com.br

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  12. Ai que merda, escrevi um comentário enorme e deu erro na hora de enviar! mimimi

    Enfim, eu tinha falado que também sou assim, compro ou deixo de comprar certos livros apenas pela capa. Além de ler a continuação de muitas séries/trilogias que não gostei tanto por pura curiosidade :p hahahahahah

    Faz tempo que estou com vontade de ler Aprisionada, só não sei quando terei oportunidade. Ando lerda nas leituras, ou melhor, nem estou lendo =(

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