08 outubro 2012

Cosmópolis





Tem gente que vê o “preconceito” contra livros Young Adult e Chick-lit como algo injustificável.

Eu não vou tão longe. Não, eu não concordo com as afirmações de que os supracitados gêneros são lixo e não ensinam nada a seus leitores. Mas há de se admitir que livros nesse estilo são mais comerciáveis, e o sendo, tem de ser feitos com linguagem mais acessível e trama mais simples.

O que não quer dizer que eles tenham pouco a oferecer em termos de reflexões aos seus leitores. As vantagens de ser invisível, por exemplo: como abordar temas complicados tipo relações familiares, drogas e preconceito atingindo tão bem o público jovem?

Mas ao contrário dos livros tido como “sérios”, infelizmente há como dissociar a parte reflexiva do enredo, compreendendo mesmo sem precisar pensar muito. Deixe-me pegar um exemplo recente: no lançamento da adaptação cinematográfica do sucesso Jogos Vorazes, vários fãs se mostraram revoltadissimos quanto a mesma. A razão? O fato dos tributos do distrito 11, Rue e Thresh, serem encarnados por atores negros.

É.



Jogos Vorazes fala sobre opressão, diferenças sociais e o poder da mídia. Sendo o racismo uma expressão da primeira, tendo a segunda como conseqüência e a terceira como auxiliadora, está intimamente envolvido em todas essas questões. Alguém que diz que não conseguiu sentir pena em uma cena de morte porque a atriz em questão era negra certamente não entendeu a mensagem.

O contrário também acontece – alguns leitores de YA e chick-lit torcem o nariz para livros mais “sérios”. Às vezes estou entre essas leitoras, fugindo de obras que pareçam ser mais complicadas, as vezes não. Fiquei louca por Cosmópolis ao ler a resenha do mesmo aqui, e já pela taciturna citação de início pude perceber a complexidade que estava diante de meus olhos.

Eric Parcker é extremamente rico e bem sucedido; a imagem do self-made men da geração Y que, graças a uma compania de internet, construiu bilhões e bilhões. Em uma manhã pós insônia – a sensação de não estar nesse mundo depois de uma noite sem dormir é perfeitamente descrita – Eric decide: quer cortar o cabelo.

Não haveria dia mais inconveniente, já que o presidente está na cidade, engarrafando tudo com sua escolta; um estranho protesto anti-globalização ocorre na Times Square e o iene cai, deixando a fortuna de Eric em perigo.

Mas seu chefe de segurança não consegue dissuadi-lo, lançando numa jornada de um dia inteiro em sua limusine luxuosa e moderna. No caminho, Eric perde bilhões, tem encontros amorosos e reuniões de negócios.

Seria estupidez tentar capturar a essência de Cosmópolis: cada parágrafo é uma aula, uma reflexão extensa. Em pouco mais de duzentas páginas, DeLilo nos apresenta uma perspectiva niilista sobe a globalização, a modernização e o ritmo estupidamente acelerado de nossas vidas. Não é um livro para se ler com qualquer estado de espírito. Cosmópolis demanda atenção, demanda fôlego.

Chorei quando terminei de ler As vantagens de ser invisível: a sensação de lê-lo de novo nunca seria mais sentida por mim. Cosmópolis, contudo, não é passível de choro pela mesma razão: ainda me surpreenderei muito e demorarei muito para desvendar o mistério de suas linhas.









OBS.: Promoção ainda rolando! 

10 comentários:

  1. Esse preconceito existe mesmo, na verdade, mesmo que a maioria dos leitores neguem, provavelmente já se encontraram na situação de rejeitar um livro por ele ser sério ou 'infantil' dms. Esse livro parece ótimo e uma leitura para arriscar, quanto ao que vc citou [ As vantagens..] estou louca para lê-lo, uma amiga minha leu e disse que é maravilhoso, enfim, né? rs
    Beijo!

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  2. obrigada por comentar no meu blog
    ah mana isso acontece mesmo, o pessoal tem preconceito com diversas coisas, ainda mais com livros que tem um pouco do lado infantil.
    adorei tudo :)
    estou seguindo seu blog

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  3. Oi, Isabel! Já fui do time que não aceita o preconceito com young adult e chick-lit. Depois que entrei pra Letras comecei a entender por que algumas pessoas têm essa visão super negativa dos gêneros - dos livros, e não das pessoas que leem -(e, não, não foi porque virei uma leitora de nariz empinado, mas porque comecei a estudar literatura e a gente passa a ver livros com outros olhos, a buscar outras coisas neles e não só histórinhas legais, mesmo não querendo). Só o que não me desce é o arzinho de superioridade de algumas pessoas que "não leem livros comerciais" como se isso fosse um crime, julgando quem lê como "inferior".

    Eu particularmente nunca tive preconceito com livros ditos "sérios", só não sentia muita vontade de ler (até porque é bem mais difícil escolher algum). Isso está mudando aos poucos, ainda bem. Cosmópolis, por exemplo, é um livro que eu não leria de jeito nenhum há uns dois anos, mesmo com a sua resenha falando tão bem.

    Eu ouvi falar bastante do filme (mais falar mal do que bem, na verdade), mas acabei não assistindo por conta de tantas críticas negativas. Pelo que você falou do livro, parece o tipo de coisa que não dá tão certo no cinema mesmo (talvez esteja errada, mas foi a impressão que fiquei). Já imagino que o livro seja muito melhor, e penso que deveria fazer uma tentativa de ler quando tiver um tempo.

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    1. Ah, para mim também não desce muito bem. Não assisti o filme, mas ao terminar de ler o livro, me perguntei como o roteirista conseguiu ahaha É basicamente um livro reflexivo, a ação fica completamente em segundo plano - então ou se é muito bom com adaptações do tipo ou se falha.

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  4. GENTE! Nunca fosse imaginar que Cosmópolis tinha essa história (acho que nunca parei para ler a sinopse) nem mesmo que fosse ser tão bom como vc disse (esperava algo mais ação, hm, não sei). Mas vc me deixou com muita vontade de ler o livro!
    Tb chorei com o fim de As Vantagens de ser Invisível. Um livro tão fininho, mas tão emotivo e bem escrito <3
    Beijos!

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  5. Ei Isabel, eu morro de vontade de ler essa obra desde que li os comentários da Luara também, parece ser rica, interessante e muito boa.
    Também sou daquelas que não se pode classificar como leitora disso ou daquilo. Eu leio de tudo, só existem momentos que eu me apego mais a um ou outros estilo, e adoro ser assim. Acho que qualquer pensamento crítico só vem do conhecimento de muitas áreas (quiçá um pouco de cada).

    Beijos

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  6. Oi

    Fiquei com muita vontade de ler o livro! Adorei a resenha

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  7. Oie Isabel!
    Não sabia que era livro! Aliás, esse livro é aquele que tem o filme e como astro principal Robert Pattinson? porque se for, minha prima fica dizendo toda hora que quer assistir, me chamando pra ir com ela... Mas não senti muita vontade.
    "Cosmo" significa "mundo, universo" em... Grego, certo? E "polis"?
    Bem, gostei da resenha!

    Bjs,
    Ariane;)

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  8. Nossa, amei a resenha!!! O filme de Cosmópolis não instigou a minha curiosidade, mas acho que lendo o livro vou gostar, sim!!! Me pareceu muito bom, e também ameeeei As Vantagens de Ser Invisível :)
    Beijos, e obrigada pela visita no meu blog! ^^
    http://spaceindaze.blogspot.com

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  9. Livros YA e Chick-lit são mais entretenimento puro e as reflexões, aprendizados, etc. são meio que um "extra", caso exista. São divertidos e me fazem feliz então O.K. HAHAHAHA, mas concordo, essa coisa de torcer o nariz para livros mais complexos... Nunca tinha ouvido falar do livro ou do filme (pois é), vou pesquisar.

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