E, finalmente, chegamos ao final da minha lista de filmes. Embora muitos sejam o tipo que não veria de outra forma, foi uma experiência bem divertida justamente por isso. As duas primeiras partes estão aqui e aqui.
1. Amor
Existe algo nos romances estilo Sparks que me incomoda. É
como se todos os obstáculos ao amor fossem externos, causados por células se
multiplicando de maneira errada ou diferenças de classe social, não
temperamentos imperfeitos e erros ocasionais. É quase banalizar a tragédia, colocá-la
como somente um obstáculo a um romance, mas de uma maneira bonitinha – pessoas
doentes de verdade ficariam feias na adaptação cinematográfica.
É tão legal ver uma história de amor sem tanto açúcar e purpurina!
Detesto repetir palavras, mas o filme Amor
é justamente isso. Anne e Georges, dois professores de música aposentados nos
seus oitenta e poucos anos, vivem uma vida estável e relativamente feliz
juntos. Anne adoece, primeiro perdendo o movimento de um dos lados do corpo e
depois o controle de si. Sua degradação física e psicológica atinge também a
Georges, que como um bom ser humano imperfeito que é (o que parece não existir
na lógica Sparksiana) alterna momentos do mais terno carinho e cuidado com
desesperança e falta de zelo.
Impressionou-me bastante que Amor tenha sido indicado ao Oscar – assim como os brasileiros, os
americanos não gostam muito de ler legendas, e o fato do filme ser francês pode
torná-lo pouco comerciável. Não é isso, porém, que faria Holywood corar, e sim
a ausência de vergonha do diretor na hora de retratar a doença de Anne. Amor é
a realidade, sem cortes.
2. Django livre
Confesso que me enganei redondamente quanto a Django livre. Da primeira vez, sentei
para assistir com sono e indisposta, achando o filme chatissimo e pausando nos
quarenta e cinco minutos. Já com o humor certo, as quase três horas inteiras (ousadia a qual só um diretor “Cult” ou renomado poderia se propor – e
no presente caso, Tarantino é os dois) foram ótimas, apesar de que com alguns
defeitos.
Em circunstâncias peculiares, o caminho do escravo Django se
cruza com o do Dr.Schultz, um dentista de formação que agora se dedica à caça
de recompensas. Schultz – um alemão de fala e cortesia impecáveis – quer achar
três capatazes de uma fazenda onde Django foi escravizado, que lhe darão
bastante dinheiro. Em troca, Django virará um homem livre com um cavalo e
alguns dólares no bolso.
A parceria dos dois, porém, vira amizade, e depois de um
produtivo inverno caçando recompensas, Schultz auxiliará Django a conseguir o
que mais quer no mundo: comprar a liberdade de sua esposa, Broomhilda. Não é
tão fácil quanto parece – Broomhilda é escrava em Candyland, plantação gerida
por um excêntrico e francofílo magnata.
Broomhilda é minha principal crítica a Django livre: detesto
muito quando um personagem é completamente “morto”, só servindo para dar
motivação ao personagem principal. Me sinto enganada como ouvinte da história,
como se aquilo fosse tão furado quanto queijo suíço.
Ignorando-se esse ponto, Django livre é um faroeste estilo
Tarantino, com ketchup (não tente me convencer que aquilo é sangue falso) e
tripas voando para todo lado. Gosto muito do jeito com que ele brinca com (ou
até mesmo ironiza) as cenas de ação holywoodianas, dando-lhe um aspecto
extremamente gráfico e irreal. Dessa vez, ele também o fez com a figura do
herói e quiçá com a da mocinha, com cenas exageradas dos estereótipos. Do
diretor (e da vida, na verdade) ainda prefiro Pulp Fiction, que ganha com
louvor, mas mesmo com mocinha inútil e sem as conversas sobre besteiróis, Django livre ainda é um bom filme.
3. Lincoln
Ao contrário do que pode parecer, Lincoln não é uma biopic do presidente americano, e sim um retrato
de seus últimos meses – aqueles decisivos não só para os EUA, mas para o mundo
inteiro, que tornou a escravidão criminosa graças a 13ª emenda na Constituição.
Achei que Lincoln fosse
ser chatissimo, mas me enganei. Ao contrário de A hora mais escura, aqui não existem falhas ao passar tudo para o
espectador de forma didática, mas que não o subestime. Desde os primeiros
minutos fica óbvio: há uma guerra entre o governo “oficial” e um grupo
insurgente, que apóia a escravidão. A crença geral é que com a libertação a
guerra terminará, mas que esta última não será necessária em caso de paz – que ironicamente,
ameaça chegar antes que Lincoln possa concluir o seu projeto de aprovar a
emenda.
Ao invés de mostrar as intermináveis discussões, aqui foi
preferido mostrar só os pontos centrais, focando-se nas manobras políticas
feitas para conseguir votos e de como isso tudo afetava Lincoln pessoalmente e
politicamente. Os debates no Congresso, na verdade, quebraram um pouco a
seriedade do assunto: os políticos pareciam crianças brigando na escola sobre o
jogo do recreio, não homens adultos discutindo algo vital. É curioso ver como
muitos dos representantes (o equivalente a deputados) acreditavam piamente ser
a abolição não-natural e os negros inferiores, assim como muitos condenam o
casamento entre pessoas do mesmo sexo – sem tirar nem por, do mesmo jeitinho.
Mudam as causas, mudam os tempos, mas aparentemente não os argumentos.
Feito os meus comentários, eis minha aposta: embora tenha
preferido Indomável Sonhadora, Os miseráveis me parece mais “a cara” do
Oscar. Cheio de boas atuações e bem produzido, não posso dizer que será
completamente injusto. Agora é esperar para ver.
Isabel,
ResponderExcluirEu tô bem atrasado com os indicados deste ano, tenho vontade de ver muita coisa mas falta tempo. Dos que você listou hoje eu assistiria o Lincoln e o Django Livre, apesar de não gostar nada do Jamie Foxx....
Lincoln realmente me surpreendeu! Poderia ser super cansativo até pelo tema que trata e as discussões política, mas vale bem a pena. Acho Jamie Foxx meio meh também, mas até que ele não estava tão ruim como Django...
ExcluirTambém acho que os miseráveis vai levar o Oscar! Apesar que eu achei tão fofo o filme do Pi! <3
ResponderExcluirEu gostei do filme da HushPuppy, mas não achei tãooo diferente assim...
Os miseráveis é mega cansativo... mas achei legal o afinado junto com o desafinado... os closes não são comuns nas produções do cinema... então, acho que vai levar :)
:*
www.chaparadois.com.br
Diferente de fato não é (ao menos não tanto) mas é lindo, sabe? haha
ExcluirEsse Amor parece ser um filme bom, mas isso que você disse sobre o Sparks é verdade, parece que o "universo" conspira contra o casal, nunca eles mesmos.
ResponderExcluirMas enfim, estou louca para ver Django livre, esse seria o 1 Oscar que veria boa parte dos filmes indicados, mas acabei vendo nenhum( só O Lado Bom da vida) que vergonha, que vergonha rs.
bjs
haha Todo ano eu prometia tb, mas só esse que consegui cumprir... E só os de melhor filme: queria ver os de estrangeiro e documentário também mas nem...
ExcluirUau, você viu mesmo todos! Django parece ser daquelas críticas em todos os aspectos. Não lembro se já vi algum filme de Tarantino, mas, obviamente, preciso fazer isso.
ResponderExcluirNão sei se gostaria de assistir a Amor, e Licoln, não sendo cansativo, pode ser um ótimo filme.
Tem vários filmes dessa lista de indicados que ainda quero ver, só tem faltado tempo ;~
Beijos
Ok!! Sou alienada e me perdi sobre os filmes...Mas Django e Lincon seria os únicos que eu assistiria :)
ResponderExcluirBeijos
Brubs
contodeumlivro.blogspot.com.br
Django e Lincon to doida pra assistir. O primeiro, eu ainda não tinha ouvido falar. Mas ótimas indicações ^^
ResponderExcluirbeijo
marinaalessandra.blogspot.com
@mariinaale
@maioordeidade
Quero demais ver Lincon!!!
ResponderExcluirBeijos,
meumundoecolorido.blogspot.com.br
Quero muito assistir Django. fiquei chateada que não consegui baixar todos os filmes antes da premiação. Só consegui ver O lado bom da vida ( isso que dá morar na roça .-.) Mas to torcendo para a Jennifer e para o Cooper, fizeram uam ótima interpretação no filme, apesar de eu não ter curtido muito a história :0
ResponderExcluirAAh, o blog naquelemomentoeujuro mudou de nome viu ? é desligaomute.blogspot.com agora.
Bjs
Oscar 2013 arrasou, adorei as indicações e as premiações!
ResponderExcluirsó faltou premiarem o Daniel R. Mas tudo bem. rsrs
Beijos,
clicandolivros.blogspot.com.br