Alguns nomes de sucesso na literatura fantástica nacional já
despertavam minha curiosidade há tempos – um deles é Eduardo Spohr: o fato de
que seu primeiro livro, A batalha do
apocalipse, é encontrado em quase todas as estantes cujas fotos estão no
álbum do Skoob é um indicativo interessante. Depois de ouvir alguns podcasts
com o autor a vontade só aumentou, e Herdeiros
de Atlântida (primeiro livro da trilogia Filhos do Éden) não tardou a ir para a minha lista.
Já no início alguns pontinhos foram ganhos: na apresentação,
o autor explica o não-retorno dos personagens de A batalha do apocalipse, tirando-o do páreo daqueles que prolongam
uma série de sucesso por puro oportunismo, desgastando os personagens.
Mas o universo fantástico é o mesmo, o que não é um grande
problema – é visível desde as primeiras páginas a sua complexidade. No sétimo
dia, Deus (chamado de Yahweh) partiu para o seu descanso, deixando a guarda do
universo com seus cinco arcanjos. Os anjos de Spohr tem características bem
humanas, entre elas o ciúme, condutor da vontade dos primogênitos de acabar com
a criação divina mais amada – a raça humana.
A ordem do arcanjo Miguel, príncipe dos anjos, porém, não
foi tão bem recebida assim. Depois de várias catástrofes e massacres, foi dada
ao arcanjo Gabriel a missão de arquitetar um desastre final, no qual a
humanidade seria aniquilada. Ao experimentar o calor da alma humana, porém,
Gabriel desistiu de sua missão, reunindo exércitos de rebeldes e iniciando a
longuíssima guerra celestial.
Nesse panorama, Kaira, arconte (uma espécie de condecoração)
dos anjos rebeldes, é enviada a terra, a fim de cumprir uma missão de extrema
importância. Kaira é uma ishim, casta de celestes responsável por governar as
forças elementais (água, fogo, terra e ar), e tem guarda costas o querubim
Zarion.
Kaira, contudo, desaparece, e para seu rastro são enviados
Levih e Urakin. Os dois anjos são uma combinação estranha: enquanto o segundo é
um querubim assim como Zarion (portanto um anjo guerreiro), o primeiro é um
ofanim – o anjo da guarda dos vitrais. Aí repousa uma de minhas principais
críticas quanto ao Herdeiros de Atlântida:
com exceção de Denyel (querubim exilado que auxilia o grupo rebelde em troca de
anistia) a maior parte das características dos anjos são definidas por sua
casta. Sei que isso com certeza é um fator determinante, mas senti um pouco de
falta de personalidade.
Mas não foi isso que mais me incomodou: foi a escrita. Em
seus melhores pontos, podemos dizer que é mecânica, em seus piores, uma mistura
de expressões coloquiais com formalidade extrema – o que, obviamente, não cai
muito bem. Os diálogos recorrem muitas vezes aos clichês hollywoodianos, com
frases de efeito que podem tanto parecer legais quanto como unhas no quadro
(escolho a segunda opção). Os milhões de sinônimos para cada personagem também
me irritaram um pouquinho: sei que repetição de palavras (mesmo nomes próprios)
não é legal, mas milhares de alcunhas usadas a torto e a direito também não.
Já as explicações sobre as castas celestiais e sua história
tem muitas vezes aquele ar de livro didático. É um universo bastante complexo e
difícil de ser explicado – o que me fez amá-lo, em certos aspectos – mas poderia
se dar um jeitinho. Mesmo dessa maneira tão escolar, tive de correr algumas
vezes para o interessantíssimo apêndice no final do livro, que acaba servindo
como um ótimo suporte e capítulo a parte.
Precisei dar uma boa relida na última parte do livro para
saber se não é só impressão, mas é verdade: lá para o final, esses probleminhas
vão melhorando bastante. Tanto Eduardo Spohr quanto a história tem potencial, e
espero que na segunda parte da trilogia, Anjos
da Morte – que já está na wishlist – ele seja completamente desenvolvido.
Bel, agora você me pegou com esta resenha. Eu gosto de comprar livros pelos títulos e pelas capas e eu gostei de ambos, neste caso. Mas aí, sempre que leio uma resenha dos blogs amigos, acabo considerando os pontos destacados e você pôs uma pulguinha "negativa" atrás da minha orelha.
ResponderExcluirComo decidi que acabaria de ler o Sári Vermelho para fazer novas aquisições, vou deixar este em banho maria.
Beijos
Pâmela Rodrigues
Blog: Liste & Realize
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Tá aí um livro que perdi vááárias promoções e não comprei ele. AFF
ResponderExcluirAdorei sua resenha, principalmente no quesito crítica. Só faz eu querer lê-lo mais.
Adorei teu canto, ahh, obrigada pela visita e já estou seguindo, me segue?
http://clicandolivros.blogspot.com.br/
Eu adoro os livros do Eduardo e adorei Filhos do Éden, achei magnifico, como ele mesmo tinha dito as respostas viram no segundo livro, estou á espera desse livro.
ResponderExcluirBjão!
http://livronasmaos.blogspot.com.br/
Tô a espera de Anjos da Morte também! Apesar de minhas críticas, não posso dizer que o livro não tenha me instigado...
ExcluirOi Isabel, tudo bem?
ResponderExcluirEu ainda não li nenhum livro do Eduardo, mas já li inúmeras resenhas positivas, principalmente com relação A batalha do apocalipse. Mas confesso que essa série não me chamou tanto a atenção, mas quem sabe, em outro momento.
Abraços,
Amanda Almeida
Estou querendo muito ler esse livro, assim como o outro do Eduardo, mas sempre deixo ele pra comprar depois, vou adiando sabe?! Mas já ouvi muito bem sobre ele, adorei sua resenha.
ResponderExcluirBeijos
Oi, Isabel.
ResponderExcluirMuito obrigado pela resenha, adorei. E obrigado principalmente pelas criticas. Espero melhorar nos próximos livros. Pode ter certeza de que são pessoas como vc q me incentivam a continuar escrevendo ;-)
Pâmela, caso vc se interesse em comprar alguns dos meus livros, eu indicaria ler "Filhos do Éden" antes de "A Batalha do Apocalipse", pois este último é mais longo e denso.
Lú, espero q vc curta.
Markos, isso mesmo. Muitas dúvidas serão respondidas em "Anjos da Morte", o segundo da trilogia, que sai agora em abril (http://migre.me/doz1n). Outras ficarão para o último, "Paraíso Perdido".
Amanda, Bruno, fico na torcida para que se interessem.
Mais uma vez, obrigado ao post e aos comentários de todos. Qualquer coisa estou por aqui :-)
Bjos e abraços,
Eduardo
Obrigada pelo comentário, Eduardo! É muito bom ver um autor que tem esse contato tão direto com o público.
ExcluirConfesso que não li sua resenha, mas tenho um motivo: meu irmão me deu esse livro de presente e quero ter todas as surpresas possíveis durante a leitura! Mas li o comecinho e, sério, "A batalha do apocalipse" é incrível! Sei lá, me parece o tipo de escrito que esperamos dos gringos, mas ficou perfeitamente ótimo nas mãos de um brasileiro. Parece um pouquinho de preconceito, mas não é isso, é só que por aqui me parece que esses temas de anjos, demônios e apocalipse não seja tão trabalhado quanto lá fora. Só fiquei curiosa pela nota que deu para "Filhos do Eden", que não pude evitar de ver! Beijo!
ResponderExcluirEntão, aparentemente, pelo que li, tem algumas diferenças bem claras entre FdE e ABdA. O tenho também, e pretendo ler em breve. Como eu disse lá em cima, o universo é de fato fantástico...
ExcluirEduardo Spohr é um nome que vira e mexe estou ouvindo por aí, mas ainda não tive oportunidade de ler A Batalha ou Os Filhos. Espero que minha chance chegue logo! Rs
ResponderExcluirBeijos,
Vinícius - Livros & Rabiscos
Olá
ResponderExcluirGostei muito da sua resenha.
Nunca tive muita vontade de ler este livro, mas quem sabe um dia...
Beijos
cocacolaecupcake.blogspot.com.br
Ótima resenha! Apesar disso, nunca tive vontade de ler este.
ResponderExcluirBeijos,
Nataly Nunes
http://critiquinha.com/
Oi Isabel!
ResponderExcluirÉ, essa linguagem do Spohr também me incomodou muito em A Batalha do Apocalipse, e é exatamente por isso que eu ainda não li Filhos do Éden. :( Mas no geral, eu gosto do universo que ele criou, é muito interessante.
Eu adoro o Spohr como pessoa. Ouço praticamente todos os nerdcasts que ele participa e poxa, adoro. <3 E eu fui super tiete quando ele veio aqui para um evento literário (ô homem bonito, que olhos azuis!). Enfim, não vem ao caso.
Um beijo,
Luara - Estante Vertical
Realmente, esses livros estão em todas as estantes do Skoob. Eu não tenho muita curiosidade para ler (na verdade não tenho nenhuma) por ser um livro fantástico. Procuro fugir de livros e filmes fantásticos, ficção científica (BLERGH) e coisas do tipo.
ResponderExcluirBeijos
Isabel, eu tenho muita vontade de ler algo do Spohr, mas mais para ver se ele é tudo isso que dizem ou se é só superestimado. Gosto de livros com mitologia vasta - esta premissa do autor, do descanso de Deus e uma guerra celestial, me atrai muito, - então acho que vou ler um dia, mas não tão cedo.
ResponderExcluirAbraços ;)
Oi Isabel!
ResponderExcluirEu gostei bastante de A batalha do apocalipse e queria muito ler esse também. Não lembro direito da escrita no Batalha, mas acho que era assim mesmo. Mas por algum motivo isso não me incomodou, ou eu que não prestei tanta atenção. Ainda assim, quero ler Filhos do Eden.
Beijos,
Sora - Meu Jardim de Livros
OI Isabel ^^
ResponderExcluirEu ainda não li nenhum livro dele, lembro que ele esteve aqui em Salvador, mas não pude ir, lembro que algumas blogueiras que foram, compraram esse livro, mas não vi o que elas acharam, então a sua é a primeira resenha que li. Houve pontos positivos e negativos, mesmo os negativos ainda sim, não me faria desistir da leitura, pq como vc falou pode ser que isso seja resolvido no livro seguinte. Até mesmo pq o livro tem uma história própria de teorias e características dos anjos, acho isso legal nos livros, claro que quando bem elucidados, porém isso deixou a desejar para você..Não sei quando terei uma oportunidade de lê-lo e como o tempo é curto e a sua opinião conta com certeza, ele só não será uma de minhas prioridades,mas surgindo uma oportunidade eu o leria ou melhor, lerei rs. Quando estava descendo aqui os comentários vi o dele, acho bem legal quando um autor vem ler o que achamos de seus livros, bem legal da parte dele.
Beijos :D
Oie Isabel!
ResponderExcluirMesmo não tendo uma experencia muito boa com A Batalha do Apocalipse estou bem curiosa para ler Filhos do Éden.
Eduardo Spohr escreve muito bem, e mesmo com os pontos negativos a história consegue ser envolvente fazendo com que você não desita da leitura.
Ótima resenha!
Beijos;***
anereis.
mydearlibrary | bookreviews • music • culture
@mydearlibrary
Gostei de a sua nota refletir toda a sua resenha, porque você realmente apontou os pontos fracos sem medo mas não deixou de elogiar o futuro da série. Eu sou louca pra ler esse livro, principalmente depois da Bienal.
ResponderExcluirBeijos. Tudo Tem Refrão
Eu sempre leio comentários sobre os livros de Spohr, e nem sempre positivos. Como a história não é sobre algo que me anima muito, prefiro não ler.
ResponderExcluirBeijos