Maik Klingenberg não é bonito, feio, inteligente, burro,
popular, nerd – ele é simplesmente sem graça.
Um parêntesis para uma declaração: adoro personagens
baunilha. Primeiro porque eles correspondem à maior parte das pessoas que não
conhecemos – é difícil falar das aspirações, interesses e habilidades de alguém
para quem só se dá “oi”, por exemplo. Mas principalmente porque eles são como
telas em branco, em busca de um pintor habilidoso o suficiente para lhe
ressaltar as formas, qualidades, defeitos e a tal da profundidade que o leitor
e o humano buscam vorazmente. Geralmente, os personagens baunilha são os que
mais evoluem nas histórias, e personagens que evoluem me dão uma sensação boa,
uma sensação de que vale a pena acreditar nos outros (de vez em quando e com
cautela, mas vale).
Provavelmente por ser tão baunilha assim, ele foi um dos
poucos da sua sala a não ser convidado para o evento mais esperando das férias:
a festa de Tatjana, a menina mais bonita da escola.
Sozinho em casa – o pai viajou a negócios e a mãe alcoólatra
está pela milésima vez em uma clínica de reabilitação – e sem amigos, Maik
realmente não sabe o que fazer. Eis que surge Tchick – também do time dos
não-convidados para a festa – um aluno
novo, imigrante russo pobre e bêbado, com um irmão mais velho marginal que lhe
ensinou alguns maus hábitos.
Tipo como roubar um carro.
Os dois saem então por uma road trip pela Alemanha, tendo
como destino a terra do avô de Tchick. Uma das poucas coisas que não gostei no
livro foi a falta completa de bom senso apresentada pelos dois meninos: como se
não bastasse dirigir um carro roubado sem carteira, eles foram por estradas
desconhecidas sem um mapa. Desculpe, mas não consigo conceber que alguém seja
assim aos quinze anos.
Acho que vou ter algumas dificuldades com livros para
adolescentes depois de Tchick: eu nem sabia que dava para fazer um desse jeito.
Narradores masculinos começam a se tornar comuns, mais nenhum é como Maik – ele
é tão falho e meio idiota e sabe disso. Por mais inteligentes que alguns
adolescentes sejam, não consigo acreditar em alguém que fale como Hazel, de A culpa é das estrelas, por exemplo. Não
dá, não me convence. O autor parece entender isso bem: a narrativa de Maik não
é coloquial demais, e sim na medida que se deve esperar. O livro possui
diálogos legais e filosóficos, mas assim como Tarantino, Wolfgang Herrndorf
parece ter entendido o valor de falar besteira.
Tchick é um capítulo a parte: criado pelo irmão criminoso,
ele é ao mesmo tempo burro o suficiente para viajar em um carro roubado e
inteligente o suficiente para, em menos de dois anos, passar de uma escola para
crianças com problemas de aprendizado a um preparatório para a universidade. De
formas diferentes, ele e Maik tem lares problemáticos, o problema os unindo.
Tchick é um
daqueles livros fáceis de serem devorados em uma tarde, que se fecha com
lágrimas nos olhos – não porque o final foi emocionante, e sim porque acabou. Amo
os clichês com todo o meu coração, mas certamente mais um ou dois livros como Tchick por aí não cairiam mal.
Ainda não conhecia o livro e fiquei até interessada. Parece ser uma leitura bem bacana e diferente. Espero ter oportunidade de lê-lo. :)
ResponderExcluirBeeeijos
Oi, primeira vez que leio sobre esse livro. Foi uma novidade pra mim e muito graticante passar aqui.
ResponderExcluirBeijinhos
http://marlicarmenescritora.blogspot.com.br/
Poxa, me interessei pelo livro, eu gosto dessas narrativas diferenmtes e concordo com você . Não consigo engulir quando o narrador é adolscenet mas fala todo coloquail .-.
ResponderExcluirTem post novo, FINALMENET, no blog, bjs
naquelemomentoeujuro.blogspot.com
Isabel, não conhecia o livro e ele foi uma verdadeira surpresa para mim. Fiquei bastante interessado, gosto de livros com personagens disfuncionais que acabam se dando bem - de uma forma ou outra - juntos! Eu também questiono alguns livros que tratam da adolescência, principalmente os desmandos, mas talvez a minha vida tenha sido regrada demais, vai saber, mas não, não estou reclamando ;)
ResponderExcluirExcelente resenha.
Sou louca para ler esse livro desde que li sobre ele em uma revista. E isso aconteceu faaaaaz tempo. Pensei que nunca iria ver uma resenha dele por aí, mas é óbvio que eu devia esperar isso de você: a caçadora de livros diferentes. E pelo visto, o livro vale realmente a pena ser lido. Tem uma história meio doida, mas muito boa. Fiquei com mais vontade de ler.
ResponderExcluirSó fico imaginando como deve ser esse livro depois do que você escreveu, rs! Me parece que você tem o dom de encontrar livros bem inusitados, e eu sempre vou ficando curiosa à respeito deles. Acho que ainda não tenha lido uma resenha sua que não tenha me despertado a curiosidade. Não sei se você só encontra livros bons ou se é a sua escrita! E uma road trip pela Alemanha deve ser bem legal, mas eu levaria um mapa, mesmo aos quinze - e não roubaria um carro, acho! =P
ResponderExcluirBeijo!
Não conhecia o livro, mas você falou tão bem que fiquei curiosa. Não li "A Culpa é das Estrelas", então não sei como a personagem narra. Tchick parece ter uma narrativa envolvente...
ResponderExcluirBeijos!
Cah. - meumundoecolorido.blogspot.com.br
Nossa não conhecia o livro, mas após a sua resenha fiquei bem curiosa quanto a leitura *---* Pena que ele é em inglês, certo!? Preciso treinar o meu, mas quero ler primeiro os que eu tenho aqui para depois comprar mais :D
ResponderExcluirBeijos,K.
Girl Spoiled
Nãão, a edição da foto é brasileira mesmo, da ed.Tordsilhas :)
ExcluirEu tenho o primeiro capitulo do livro e li, mas não me chamou tanta a atenção, mas eu leria esse livro se eu ganhasse de alguém, não é o tipo de livro que eu costumo comprar
ResponderExcluirhttp://enfimshakespeare.blogspot.com.br/
Oi Isabel! Eu nunca ouvi falar do livro,mas achei bem legal o que você apresentou na resenha. Quando você fala da burrice do personagem, e logo a seguir de um milagre ocasionado por sua súbita inteligência, me deixaram imaginando o quanto ele deve ser controverso e divertido. Adorei o livro, vou procurar para adquirir.
ResponderExcluirBjos!!
Cida
Oie Isabel!
ResponderExcluirNão conhecia o livro, mas só de saber que ele tem um personagem mais "humano" me deixou bastante interessada. Gosto de livros que os personagens se aproximam mais do nosso dia a dia em que temos momentos de pura inercia (burrice) mas do nada também temos boas ideias.
Adorei!
Beijos e uma ótima semana!
;***
anereis.
mydearlibrary | bookreviews • music • culture
@mydearlibrary
Não tinha ouvido falar nesse livro, mas achei interessante.
ResponderExcluirAdoro narradores masculinos, as vezes os acho mais reais que os femininos.
Beijão
Sun Rises Here
Também gosto de narradores masculinos. Meninas são tão esteriotipadas na literatura, sabe? Isso é um problema :/
ExcluirDe verdade... Não me interessei muito pelo livro não rs Mas é bom ler de tudo né? Um dia eu leio esse também ~
ResponderExcluirBeijos! =**
Bom esse livro é novidade pra mim mas com tantos elogios seus já gostei muito! Sabe que você falou uma coisa importante aí: narradores masculinos estão ficando mais frequentes. O que eu acho ótimo é claro ^^ Frequentemente fico entediada com mocinhas chatas e iguais.
ResponderExcluirAh, não conhecia essa coisa de "personagem baunilha" rs ri um tiquinho aqui.
(desconstruindoaspalavras.blogspot.com.br)
Oi Isabel, tudo bom contigo?
ResponderExcluirEu nem tinha ouvido falas desse livro, mas gostei do modo como falou dele! Já li uns dois ou três livros de Road Trip e adorei, espero ter a oportunidade de ler esse.
Aliás, já li muito livro em que os personagens não tem a menor noção do que fazem! E roubar um carro e sair por aí sem mapa é uma coisa sem noção que eu adoraria ler num livro, haha XD
Aliás, você se surpreenderia ao conversar com meu namorado. Ele fala IGUALZINHO a Hazel, só que de forma mais masculina. Ele é um nerdão (tem 18 mas tá na faixa de idade da Hazel) =P
Adorei sua resenha, pretendo ler esse livro por sua causa *O*
Beijos!
www.nathlambert.blogspot.com
haha, entendo. Enfim, mas seu namorado é exceção, sabe? Mesmo entre os nerdões :3
ExcluirAaah, obrigada! Gosto muito quando desperto o interesse de alguem por algum livro bom graças a alguma de minhas resenhas.