Seis autores de quem eu leria qualquer coisa

Na página 70 do livro A culpa é das estrelas, em um e-mail dirigido ao seu autor favorito, Hazel Grace, a protagonista, diz: “Para ser sincera, eu leria até suas listas de compras do supermercado.”.

Isso resume o que sinto particularmente quanto a muitos autores. Alguns deles são tão fantásticos e geniais que conseguiriam encantar até a coisa mais banal e cotidiana, o filme da sessão da tarde ou a coisa mais bobinha. Quando peguei esse tema do Top Ten Tuesday (como sempre adaptado, nunca consigo conter a verborragia e chegar até o final) me encontrei, como sempre acontece com minhas listas, em um impasse: os autores que mais gostei não são aqueles que li mais. Alguns dos que escreveram os livros que mais amo, aliás, nem puderam ser inclusos aqui – tenho medo de ler outro de PD James e estragar a magia que senti em Children of men.

É, essa relação autor/leitor é meio estranha.

6 – George Martin

A guerra dos tronos é de uma complexidade ímpar: cheio de sub-temas, personagens e pontos de vista, só um autor experiente como Martin conseguiria lidar com isso sem se perder –  ou enlouquecer, o que vier primeiro. Entreter milhares de leitores no mundo inteiro durante cinco tijolões (que as fontes mais próximas e confiáveis me dizem que não perdem a qualidade de um para o outro) também não é fácil. Já um senhor de idade, pode deixar legiões de fãs órfãos antes de concluir sua obra prima – fator que leva a existência de correntes de oração pela sua saúde. Palmas, palmas.

5 – Chuck Palahniuk

Como criar os personagens e situações mais loucos possíveis e fazê-los reais? Chuck Palahniuk dá um jeito nisso. O autor de o Clube da luta (e o mais fantástico ainda Sobrevivente) tem uma habilidade com as palavras (organizadas de forma simples e telegráfica, mas inovadora) tão grande que nada parece impossível.  De um jardineiro de flores de plástico (que vira guru espiritual pré-fabricado) a uma mãe de aluguel infértil, há de tudo no repertório de personagens de Chuck P. – é só escolher.

4 – Moira Young

Não chora Isabel não chora Isabel NÃO CHORA ISABEL -----

Caminhos de sangue é uma distopia tão simples quanto fantástica, tem uma das minhas personagens favoritas da ficção, Saba. Sem medo de ousar, Moira Young escreve como Saba (que nunca viu um livro na vida) fala. Estranhei e fiquei emburrada no início, confesso, mas não é que dá certo? Sua maestria é comprovada em Rebel Heart, quando fica óbvio que aquela é a melhor maneira de expressar as fortes emoções da nossa forte heroína. Dica: não leiam nada de Moira Young em público. Prevejo olhares tortos (não que tenha acontecido comigo...).

3 – Stieg Larsson

A infame e mais famosa personagem de Larsson, Lisbeth Salander, vivida por Rooney Mara.

Com a série Millenium (dois e três), o ex-jornalista Stieg Larsson criou uma série feminista e instigante. Lisbeth Salander, sua problemática e habilidosa protagonista, não resolve só os seus (grandes e complicados) problemas, mas ajuda também seu amigo Mikael Blomkvist a resolver um par de conspirações que acabam envolvendo toda a Suécia. Aconteceu com Larsson o que temem os fãs de Martin: ele morreu antes de concluir a série.

2 – Tahereh Mafi

Estilhaça-me não é uma distopia inovadora: só há o comum caos ambiental e político, presença quase garantida. A personagem principal (uma espécie de irmã da vampira dos X-Men, que machuca aqueles que toca) também não representa uma novidade tão grande.

Mas a maneira com que Tahreh Mafi escreve, bem, é isso que torna o livro tão bom: me senti na cabeça da confinada e confusa protagonista. Foi um daqueles livros que chamo de “conciliação”: fiz as pazes com narrativas inovadoras, cortadas.

1 –Lemony Snicket

Quando criança, eu só gostava de Desventuras em série, agora eu amo a saga com todo o meu coração. Como um autor consegue inserir tantas referências em informações em livros (aliás, de grande quantidade) supostamente infantis? De Mau começo a O fim, não creio que Lemony Snicket tenha escrito uma única linha que não me interessasse.

Temos um campeão.