31 janeiro 2013

[SÉRIE] The inbetweeners



O filme As melhores coisas do mundo foi o estopim que modificou meu conceito de filme para adolescentes. Primeiro porque é nacional, algo raríssimo no gênero. Segundo porque foge bastante aos clichês, tanto no enredo quanto no elenco – é bom ver personagens adolescentes sendo feitos por atores adolescentes, e não por aqueles que há muito passaram desta fase.

Conversando com uma amiga sobre isso, porém, ela apontou algo estranho: o tanto de coisas que acontecem a Mano, o protagonista, ao mesmo tempo. Isso chamou minha atenção para uma tendência nessas obras que retratam o crescer de forma sensível. Sim, um de nós pode eventualmente descobrir que o pai é gay, que o irmão tem depressão, a irmã está grávida, a namorada tem câncer, perder um amigo tragicamente – e provavelmente uma dessas coisas vai acontecer, além de milhares de outras variantes não tão adequadas ou artisticamente interessantes – mas vários desses itens ao mesmo tempo? É mais do que um ser humano pode agüentar.

Isso sem falar daqueles que são mais irreais ainda – a maior parte de nós não é rico feito a Gossip girl e seus temas de fofoca, desregrado feito os personagens de Skins muito menos possui poderes sobrenaturais. Não é que eu não goste dessas histórias, mas de vez em quando é bom uma dose cavalar de realidade, um trabalho de ficção que não se baseie em um ou mais eventos ruins, e sim aquelas situações cotidianas de quem cresce.

Aí eu achei The inbetweeners.


"Eles dizem que a escola é a melhor época da sua vida, mas a única maneira para ser verdade para mim seria se eu fosse direto da escola para a prisão e ficasse lá pelo resto da vida." Tipo isso!
Depois de uma vida inteira em escolas particulares, Will vai a uma das temidas Comprehensive Schools – uma escola pública inglesa. Enquanto a vida do garoto pode ter ficado difícil em termos acadêmicos, a mudança de início não parece ser grande em termos sociais: vítima de chacota a vida inteira, ser perseguido pelo valentão não é grande coisa.

Com o tempo e um pouco de insistência, ele acha seu grupo – nem os “nerds”, nem os “populares”, os “inbetweeners”, pessoas sem nada em especial que os caracterize como uma panelinha.



Dos três novos amigos de Will, Simon é o mais sensato – apaixonado por Carli, filha de amigos do pai, desde a infância, são incontáveis as suas gafes tentando impressionar a garota. A paixonite é bem engraçadinha, e nada exagerada: Simon tem vida, personalidade e anseios além de Carli, tirando a série da perigosa zona “você é o ar que eu respiro, fulana/o”. Essa tendência das obras Young Adult é compreensível, mas cansa. Sim, uma parcela considerável dos adolescentes vai chegar aos dezoito com um histórico de pelo menos um relacionamento estilo Bella/Edward, mas aqueles um pouco mais sensatos precisam ser representados também.

Neil fica “fora de órbita” o tempo quase inteiro, sendo, dos quatro, o que menos se importa com “ser legal” – e acaba se dando bem freqüentemente por isso. Na primeira temporada, vemos bem pouco dele (provavelmente por esse aspecto desligado) mas espero que sua personalidade se desenvolva no futuro.



Já Jay é o imbecil do grupo, e confesso que muitas vezes pensei em parar de assistir a série por causa dele. É muita imbecilidade para um personagem só! No quinto episódio da primeira temporada, porém, Freud explica, e Jay foi (quase) perdoado.

A narração de Will é bastante inteligente e despretensiosa, me lembrando um pouco Oliver Tate de Submarino. A série é leve e engraçada, sem eventos irreais demais e com o fator vergonha alheia no alto. Como a maior parte dos seriados britânicos, tem poucos episódios – cerca de seis por temporada (são três) com vinte e cinco minutos de duração – o que, pela primeira vez, me fez não gostar desse traço nacional das séries da terra da rainha: eu bem que poderia lidar com um pouquinho mais de The inbetweeners.



OBS.: Não assistam a versão americana. Sério. Eles são bonitos. E é uma versão americana de algo britânico, de qualquer jeito. Não tem como prestar.
OBS2.: A versão britânica é quase impossível de achar para download ou na televisão, mas uma boa alma colocou legendada no YouTube.

15 comentários:

  1. Isabel, palmas pra essa boa alma então, rs. Eu não acompanho a versão americana por, como você, achar que elas sempre são piores - a única exceção que já vi foi Shameless, que fica perto da original, mas só a primeira temporada, depois cai na mesmice e acabei abandonando.

    Sou fã da narrativa das séries inglesas, já falei isso, elas abordam os assuntos mais complicados de uma forma que as americanas não conseguem fazer. Vou ter que arrumar tempo pra assistir.

    E, fugindo do assunto, você já viu Utopia?

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    1. Ah é. Os americanos meio que tem medo da feiura, das coisas realmente ruins, sabe? Eles podem por uma situação dramática, mas não aprofundam muito bem. Isso falando do mainstream, claro - algumas produções mais alternativas são bem legais.
      Utopia tá na minha lista de to watch :)

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  2. Nunca assisti, mas dizem ser muito bom! Adorei seu cantinho, já estou seguindo. Depois dá uma passadinha lá no blog?

    Beijão,

    Taíssa.
    http://garotaspuroluxo.blogspot.com

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  3. Eu ainda não havia ouvido falar desse filme, mas vou assistir, depois do que disseste. Eu gosto de séries como as que você citou ali, mas uma hora enjoa, clichês, coisas muito fora da realidade da maioria. Skins, por exemplo. Se a vida de quem usasse drogas e vivesse loucamente fosse assim, até eu ia querer. Transformam algo drástico em algo divertido. Acho um perigo pra pessoas de mente fraca. Enfim, adorei seu canto! Acompanharei. Besitos.

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  4. Essa é a primeira vez que ouço falar dessa série, e para ser sincera ela não fez muito o meu estilo.

    *bye*

    http://loucaporromances.blogspot.com.br/

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  5. Não conhecia!!
    Parece ser engraçada! Hahaha
    Beijos,
    Vinícius - Livros e Rabiscos

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  6. Nunca ouvi falar dessa série o que foi facilmente explicado pelo seu último OBS. Vou tentar assistir, mas não sei se vai dar certo com a legendas em inglês, mas não custa tentar :)
    Beijos,K.
    Girl Spoiled

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  7. Adoro séries britânicas, tanto por serem muito boas como por não exagerarem no número de episódios. =P

    Interessei-me pela série, tanto que já fui lá no youtube procurar os episódios... hahaha.

    Um abraço!

    Sacudindo Palavras

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  8. Um série britânica! Só assisti a da BBC sobre Orgulho e Preconceito e ainda não terminei rs Vou ver se vejo essa, me pareceu interessate e gostei da quantidade pequenas de episódios, não aguento mais séries comerciais sem fim!
    Beijos! =**

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  9. Adoro séries, mas nunca ouvi falar nessa KKKKK parece legal *-*

    - Vitamina de Pimenta -

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  10. Ainda não conhecia essa série. Sua resenha sobre ela é muito boa, porém não consegui despertar o interesse. Mas que acabaria assistindo ao acaso. Valeu pela dica, Isa.

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  11. Nossa, vou procurar já! Adorei. Gosto de seriados/filmes/livros adolescentes, mas uma coisa que me incomoda MUITO é justamente essa de sempre criar eventos demais na vida deles, ok que é uma fase complicada, mas não precisa tanto também né?! Gostei muito.

    Heart Sugar Cubes

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  12. faz o download do youtube via keepvid ou algum site assim :) a qualidade não fica das melhores, mas é assistível...

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  13. Em primeiro lugar: amei seu blog e como vc escreve, sério, já é um dos meus blogs favoritos.
    Em segundo: eu AMO doses cavalares de realidade
    Adorei a indicação, até porque, já assisto séries bem "irreais" pro meu gosto (não consigo me jogar em séries de vampiros, lobisomens e etc, não me cativa, como disse, gosto do real).
    Estava acompanhando The Middle,mas queria um pouco mais da parte adolescente, tipo Skins, mas sem os exageros!
    Pronto! Agora encontrei!
    O único problema é que curto desse jeito, assistirei tudo em dois dias! hahaha
    Um super beijo!!

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