Muita
coisa mudou na minha vida desde que fiz meu primeiro post no Distopicamente, criado
com o objetivo de registrar meu caminho em um desafio que até hoje não sei
direito se cumpri ou não. Porque nesses quase dezoito meses muita coisa mudou –
menos meu amor por livros, filmes e séries, que vem desde quase sempre.
Quando
vi esse tema (os melhores livros que li antes de ser blogueira) proposto no Top Ten Tuesday, porém, tive um pequeno
problema. Com o blog meu ritmo de leitura e de compras literárias aumentou
exponencialmente, então os meus antigos queridinhos estavam sufocados em
montanhas de livros adquiridos em promoções relâmpago no Submarino, pechinchas
no Book Depository e mini-compulsões pós resenhas fantásticas. Tive que pensar
um pouco, mas a minha lista de dez teve de ser resumida – careço muito de
capacidade de síntese. As três séries a seguir são, de uma maneira ou de outra,
infanto-juvenis – deixarei clássicos e afins para outras oportunidades – e tão
adoráveis que ativaram o meu modo verborrágico. Espero que gostem:
Atualmente
estou terminando a leitura de Cisne,
da autora parceira Eleonor Hertzog, e, de forma geral, adorando (a resenha sai
no sábado). Só há um aspecto do livro em que me encontro, freqüentemente, tendo
sentimentos paradoxais: a mente superdotada dos personagens..
Crianças
gênio não são algo fácil de se escrever. É como andar em uma corda bamba: como
colocá-las sem subestimar os leitores mais velhos (quantas vezes vou escrever a
palavra “subestimar” nesse post?), irritar os adolescentes ou causar inveja as
crianças? Elas são tão divertidas como complicadas, e quando um autor consegue
ter protagonistas assim que não caem no clichê, bom, é xeque-mate.
Artemis
Fowl é um garoto de doze anos de uma rica família irlandesa. Bom, não tão rica
assim: depois de alguns empreendimentos duvidosos do Sr.Fowl (desaparecido há
algum tempo) o status de super milionários já não mais pertence a essa família.
Mesmo sendo uma das maiores mentes do seu tempo, o menino não hesita em tentar
ganhar dinheiro de uma forma bastante infantil – roubando-a de fadas, criaturas
não tão belas e puras que habitam o subsolo e, aparentemente, bebem ouro.
Artemis
é anti-social, inteligente demais, arrogante demais, cruel demais – em resumo,
um anti herói perfeito, cujo único amigo é o guarda-costas, Butler. As tais
fadas (ou elfos, porque na linha mitológica usada pelo autor, eles são as
mesmas criaturas) existem e de fato se mostram uma ótima maneira de ganhar
dinheiro.
O
menino prodígio do crime apresenta, de novo, um relativismo moral – é impressionante
como anti-heróis nos fazem pensar mais do que seus companheiros bonzinhos. Eoin
Colfer explora cada aspecto do mundo dos elfos com riqueza, e conseguiu, de
forma mágica, fazer Artemis – que sempre sabe o que fazer e usa sua inteligência
para basicamente prever o futuro – humano e, até certo ponto, crível. Quem
diria que eu estaria falando isso de uma história de fadas?
2. Série
Feios (com exceção dos dois últimos
volumes, Especiais e Extras, que li e resenhei no ano passado), de Scott Westerfeld
Para
quê comida, amigos e presentes se pode-se passar o aniversário de dezesseis anos
em uma mesa de cirurgia?
É
isso que acontece no mundo de Feios,
um futurístico lugar onde os habitantes das cidades não conhecem a pobreza, a
doença e a “feiúra” – pelo menos não depois da tal cirurgia, que dá ao cidadão
uma aparência maravilhosa, saúde impecável e passe livre para Nova Perfeição,
bairro cheio de festas, música e uma pseudo alegria. Muitos criticam Tally, a
protagonista, por querer desesperadamente isso no início da série – mas quem
não gostaria?
A
mais nova do seu grupo de amigos (portanto, última a fazer a cirurgia) Tally
fica sozinha durante quase todo o verão – até encontrar Shay, outra caçulinha,
que se vê entediada entre as crianças mais novas do alojamento onde vive.
Depois de algumas semanas de bastante diversão juntas, Shay revela a Tally a
existência de um grupo além da cidade que, dentre outras coisas, é contra a
operação. Sim: eles são Feios, por opção própria.
Por
um conceito simples, Scott Westerfeld discute várias coisas: a padronização de
aparência e comportamentos, os ritos de passagem e até onde vai a diferença
entre “crescer” e “perder completamente a sua própria essência”. Tenho minhas
reservas (leves) quanto a série por Tally ser uma personagem quase insuportável
(chegando a seu ápice no terceiro livro) com arrogância e burrice impares.
Mesmo com um aspecto importante como construção de personagem sendo quase posto
de lado, não consigo deixar de amar a série que me apresentou ao maravilhoso
mundo das distopias.
1. Série
Desventuras em série, de Lemony Snicket
Em
Mau começo, conhecemos os órfãos
Baudelaire, que depois de perderem os seus pais em um terrível incêndio são
colocados sob a custódia do terrível conde Olaf, um parente distante e
desconhecido que, logo fica claro, só se interessa pela fortuna dos três
irmãos.
Ainda
bem que elas não são crianças qualquer: Violet, a mais velha, é uma ótima
inventora; Klaus, o único menino, lê tanto em um mês quanto uma pessoa comum lê
em uma vida e Sunny, a caçulinha, tem dentes afiados e um léxico bem
particular.
Desventuras em série possui treze livros, mas seria
quase herético dizer que qualquer um deles é repetitivo, cansativo ou tem
qualidade inferior aos anteriores. Muito pelo contrário: Lemony Snicket
(pseudônimo do autor Daniel Handler) se supera a cada volume, criando uma
estética steam punk descrita de forma que o mais experiente dos escritores
invejaria. Alguns detestam a série por ser tão cruel com os Baudelaire, que
sofrem maus bocados (nenhum inadequados para o público infanto-juvenil, estante
no qual ela é classificada, só que terríveis de qualquer maneira) mas o senso
de união, a coragem e a inteligência dos garotos arranca sorrisinhos do meu
rosto a cada página.
Sempre
desconfio um pouco dos livros que foram queridinhos na minha infância – afinal,
gostos mudam e padrões se elevam. Desventuras
em série, porém, me apresentou a um conceito de infanto-juvenil que me faz
adorá-las até hoje (amor que provavelmente durará enquanto eu ainda poder ler):
o de não subestimar o leitor. Pois sim, muitos imaginam que, por serem feitos
para aqueles recém iniciados no mundo da literatura, os livros desse gênero
devem ser mal feitos, mal estruturados e mal escritos, com uma liçãozinha de
moral explícita e nenhuma necessidade de neurônios. Absurdo, é o que Lemony
Snicket e tantos outros provam.
O relativismo moral é aqui regra (os fins
justificam os meios? Os nossos heróis tomaram as decisões certas?), o mal nunca
é assim por completo, os defeitos dos bons os fazem cometer erros épicos e
cheios de conseqüências desagradáveis. Cheia de referências e impregnada das
tais “questões humanas”, cada releitura de um dos volumes da série leva a
conclusões, reflexões e impressões diferentes. Nos anos em que eu e os irmãos
Baudelaire somos amigos, só uma coisa não mudou: a magia em torno de suas
histórias.
Ei Isabel, eu não conheço ainda a primeira sériq eu você citou, mas gosto muito de Feios e quero ler Desventuras em série - parece ser inteligente e divertida, apesar de tudo.
ResponderExcluirbeijos
Isabel, as séries da minha adolescência, de antes de eu ter o blog, também me marcaram bastante. Eu tenho muita vontade de ler Artemis Fowl, bem que eu não resistiria se o Submarino o colocasse em promoção, e Desventuras em Série - li apenas o Hospital Hostil, totalmente fora de ordem. Feios eu tenho os três primeiros volumes, só me falta coragem pra tirar da estante e ler, já estou tão comprometido com séries que ando as evitando..
ResponderExcluirDesventuras até dá para entender um pouquinho fora de ordem, mas é mais divertido da forma convencional :) Também tô super comprometida com séries, mas o que fazer? hahaha A culpa é dos autores!
ExcluirTo com a Série Feios aqui, aliás, falta apenas o último para mim, quero ver se logo consigo lê-la. Desventuras em série o box ainda tá bem caro, quero ver também se encontro alguma promoção de todos os livros.
ResponderExcluirClicando Livros
Oi, como está?
ResponderExcluirA vida da gente muda bastante, no sentido da literatura, quando começamos um blog, até porque temos oportunidade de ler livros que se não tivéssemos o blog, pouco conheceríamos (como com Cisne). Estou doida por Desventuras, é um desejo infantil, mas que ainda não desisti!
Tem post novo no blog,
passa lá e confere!
endless-poem.blogspot.com.br
Beijão
Desventuras não é nadinha infantil! Mesmo que crianças possam lê-lo, tem questões bem profundas e complexas...
ExcluirOi!
ResponderExcluirNão conhecia a primeira série. O_O
Já li "Feios" e não gostei. Não sei se realmente quero continuar a série. Até então parei no primeiro livro.
Sobre "Desventuras em Série", parece ser ótimo. Sou louco por todos os livros.
Abraço!
"Palavras ao Vento..."
www.leandro-de-lira.com
PARA TUDO! Vc leu Artemis Fowl!! Nem acredito nisso! Além de mim, só conheço a amiga que me emprestou os livros que tenha lido Artemis. E como li em livros emprestados, ainda quero comprar a série: ela fantástica! Artemis é tão tudo isso que você falou, mas é bastante impossível não gostar dele, a história é muito bem amarradinha.
ResponderExcluirE Desventuras? Nem se fala, é ótima! E tbm li em livros emprestados, só estou criando coragem para comprar o box que o Submarino fica anunciando, hehe.
Beijo!
Artemis <3 não é tão reconhecido como deveria! Mesmo na Irlanda, de onde é o autor, não é tão famoso assim...
ExcluirAdorei essa "tag"! A maioria de nós tem um histórico como leitor pré-blog, né?! E certamente algumas dessas leituras merecem ser citadas. Eu era louca pra ler Desventuras em Série quando era adolescente.E, mesmo com uma temática juvenil, talvez me arrisque na leitura em breve.
ResponderExcluirBeijos, Entre Aspas
Eu gostei dessa tag. Livros anteriores ao blog. MAs estes 3 são uma "porrada", né?!?!?
ResponderExcluirO bom daqui é que você não segue a linha "todo mundo tá lendo vou ler e resenhar também". Não vejo problema algum em ler um livro que tá bem divulgado e bem falado, mas sair da onda dos mais falados é importante. Principalmente em um blog que resenha bastante.
Beijos
Pâmela Rodrigues
Blog: Liste & Realize
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Oi, Isabel!
ResponderExcluirEu não li nenhuma desas séries e nem conhecia a terceira o.Õ Desventuras Em Série eu tenho vontade de ler faz tempinho já, e Feio nem se fala.
Não sei se conseguiria lembrar dos livros antes do blog, principalmente pro ser uma leitora praticamente "inciante" e praticamente todas as minhas leituras "importantes" estão resenhadas no blog, nenhuma delas de um período anterior :/
Gislaine Alves;
atualizado
Jeito Inédito
Tenho uma amiga que fala que Artemis é um livro fantástico. tenho vontade de ler.
ResponderExcluirNa verdade, tenho vontade de ler as três séries citadas.
Beijos,
Carissa
www.carissavieira.com
ÁRTEMIS MUITO AMOR <3 mas li só até o livro 4, depois acabei "cansando" ._. mas pretendo retomar a série um dia. É genial demais pra ser completamente abandonada só porque passei por uma fase de "cansei" na adolescência.
ResponderExcluirFEIOS, PRFV, SÉRIE LINDA E QUERIDA AMOR AMADA <3 Westerfeld tem um cantinho só dele no meu coração.
Desventuras... mixed feelings. Gostei muito até o livro 5, depois começou a me parecer "mais do mesmo" e acabei não terminando pra ver no que a coisa toda daria... mas é mais uma que pretendo retomar um dia.
Já tinha ouvido falar dessas séries apesar de não as ter lido ainda. A última é uma que vem me fazendo ficar curiosa a algum tempo, depois de ler resenhas desses livros, percebi só através delas o que você própria comentou, são livros infantis bem estruturados, e que trazem questionamentos éticos, difíceis de achar em livros desse gênero.
ResponderExcluirThoughts-little-princess.blogspot.com