Minha memória é terrível, mas tenho grandes e fortes
lembranças da época que eu estava aprendendo a ler. Talvez pela atividade ser
tão valiosa para mim, lembro dos
gaguejos, da felicidade de acertar palavras grandes, dos primeiros livros cuja
minha leitura foi solitária.
Até hoje mantenho alguns hábitos daquela época: como uma
criança, fico feliz em ler outdoors, rótulos de shampoo (sei a composição de
todos que uso com freqüência), cardápios de restaurante, anúncios de sinal. É
uma pena que isso não conte como diversidade literária – como aspirante a
escritora, tento tê-la, tarefa que se mostra ingrata às vezes. Uma coisa é ler
um livro de ficção científica porque um blogueiro confiável ou amigo o indicou;
outra diferente é procurá-lo de propósito por perceber que estão faltando na
sua estante.
Aqueles que saem da minha zona de conforto são mais importantes
ainda – como vi numa comparação, outro dia, os gêneros que amo são exercícios
aeróbicos, e os que evito de força. Fazer essa lista foi uma tarefa um
pouquinho triste – percebi que não ando saindo tanto da minha zona de conforto
assim...
7. Os irmãos Karamazov, de Dostoeivsky
Dostoeivksy é fantástico e chato. Pode soar contraditório
para uma blogueira (que avalia a qualidade dos livros tendo como principal
termômetro seu prazer durante a leitura) mas não é. Ao mesmo tempo que ele nos
apresenta personagens profundos e humanos, o russo consegue parar por páginas e
páginas para uma conversa (parcialmente inútil ao enredo) sobre um assunto
aparentemente não relacionado.
6. Agosto, de Rubem Fonseca
Li Agosto para satisfazer o requerimento de um dos meses do
Desafio Literário 2012 (que abandonei lá pela metade) e o gênero “romance histórico”
foi um pouquinho ingrato comigo. Cheio de referências que eu não conhecia, Agosto – que narra a história de um
detetive durante a queda de Vargas – foi uma leitura penosa, agravada pelos
ácaros no meu exemplar.
5. Cisnes selvagens, de Jung Chang
Cisnes selvagens é
uma não-ficção com um toque bem forte de história, que apresenta o último
século da China pela perspectiva das mulheres da família da autora. Chang se
esforça para ser didática e o “enredo” é mais interessante do que muitos livros
de ficção, mas as vezes foi simplesmente informação demais para uma só cabeça.
4. A visita cruel do tempo, de Jennifer Egan
Não é tão estranho assim que o melhor livro de 2012 esteja
aqui. Nunca fui lá muito fã de narrativas inovadoras, e um livro que tem um
estilo para cada um dos capítulos (que segue diversos personagens interligados
das maneiras mais legais e loucas possíveis) me assustou bastante. Capítulo em
PowerPoint? Loucura, até Jennifer Egan me tornar um pouquinho menos quadrada...
3. Mansfield Park, de Jane Austen
Mansfield Park
aqui figura não por ser uma leitura difícil, mas por ter sido o primeiro livro
completo que li em inglês – antes me arriscava nos clássicos adaptados para
estudantes e trechos do último volume de Harry Potter. Não foi lá o melhor
livro de Jane Austen, e o fator língua mais o fator chatice me fizeram levar
quase metade de Fevereiro do ano passado para completá-lo. Vitória, e qualquer
maneira.
2. Cloud Atlas, de David Mitchell
Aqui o idioma figura novamente: as seis histórias
entrelaçadas através do tempo e do espaço diferenciam completamente em termos
de linguagem. Desde as metáforas maravilhosas da clone futurística Somni até a
falta de gramática do aldeão pós-apocaliptico Zachry, David Mitchell não
economizou muito nas barreiras para aqueles que tem inglês como segunda língua.
1. Cosmópolis, de Don DeLilo
Livros com capas de filme não são lá minha coisa favorita no
mundo – me soam como uma estratégia de marketing meio sem lógica – e aqui não é
diferente. Até porque até hoje não sei como conseguiram adaptar Cosmópolis: nas vinte e quatro horas do
jovem e bem sucedido empresário, cada frase é essencial. A maior parte das
minhas horas de leitura é feita em lugares públicos do dia a dia, cujo barulho
já aprendi a isolar, mas aqui não funcionou muito bem – a reflexão sobre cada
pedacinho é, além de necessária, difícil.
Esta lista foi adaptada do top ten tuesday.
kkkk
ResponderExcluirFinalmente alguém não gostou taaanto de Jane Austen, ainda não li nada da autora, mas confesso que estou bem curiosa!
clicandolivros
beijão!
Na verdade eu ADORO Jane Austen, é só que Mansfield é meio fraco, sabe?
ExcluirAAAAAAAAAAAAAA, adorei o post, sério ano passado eu li bastante coisa que estão fora da minha zona de conforto e gostei bastante de alguns
ResponderExcluirA Culpa é das Estrelas mesmo é um livro que eu não leria, não faz parte dos gêneros que gosto, mas ficou no meu top 5 após ler rsrrs
Estou querendo ler esse Cloud Atlas que vc falou, vi a resenha que vc fez e parece realmente muito bom
Eu tbm tenho essa mania de ler tudo que vejo, outdoors, placas, shampoos kkkkk, quem nunca?!
Enfim, beijos
www.lisz-tomania.blogspot.com.br
Mansfield Park é o livro que menos gosto da Austen. O primeiro livro que li em inglês foi Emma, da Austen também.
ResponderExcluirVocê é corajosa. Não é dos livros mais fáceis para ler no original.
Quero ler praticamente todos da sua lista. Me pergunto o que vou achar.
Beijos,
Carissa
www.carissavieira.com
Lista interessante.
ResponderExcluirCadinho RoCo
Peguei alguns livros que estava fora
ResponderExcluirda minha zona de conforto pra ler, mas a leitura não fluiu.
Diante da sua persistência, fiquei inspirada a completar a leitura desses livros que, possuem uma leitura cansativa e algumas vezes desagradável, mas que não consigo tirar da minha cabeça por não ter conseguido concluir a leitura.
http://soubibliofila.blogspot.com.br/
EU nunca consigo ler livros que nao me atraem desde o começo, sério. Eu ja tentei e nao consigo D;
ResponderExcluirtenho uma barreira mental kkkkk
http://www.valeuapenaesperar.com/
Oi!
ResponderExcluirHm... Livros interessantes.
Confesso que não conhecia alguns, mas gostei de poder saber sua pequena opinião a respeito de cada um.
"Cosmópolis" eu tenho vontade de ler só por curiosidade. Acredito que não gostarei do livro. rs
Enfim, gostei da organização e estruturação do post. (:
Abraço!
"Palavras ao Vento..."
www.leandro-de-lira.com
Eu queria ler cosmópolis, só que tenho muito medo de não gostar ;s
ResponderExcluirBeeijos!
http://primasxavier.blogspot.com.br/
Dessa lista só li Agosto e gostei... Sobre você querer ser escritora, já viu esse post que fala sobre publicação de livros? http://tudotemrefrao.blogspot.com.br/2013/04/publique-seu-livro-de-graca.html
ResponderExcluirBeijos!
Eu já conhecia, a ideia é brilhante *_*
ExcluirJuro que PRECISO sair da minha zona de conforto literária, mas o fator tempo + dinheiro = pouco, me motiva a gastar ambos com os livros que realmente me interessam. Enfim, vergonha na cara é também um fator primordial que preciso adotar nessa nova fase da minha vida.
ResponderExcluirBeijos =*
http://alacazaam.blogspot.com
Ainda não li nenhum desses livros...
ResponderExcluirMas preciso seguir esse exemplo e sair mais da minha zona de conforto =)
Beijos,
Carol e seus livros.
Nossa, bela reflexão você fez nessa lista. Eu acho que preciso fazer algo assim, até para me dar ânimo de sair novamente dessa "zona". Não li nenhum dos livros, mas A visita cruel do tempo está entre os desejados há tempos.
ResponderExcluirBeijos
Seus tipos de leitura são completamente diferentes da minha.
ResponderExcluirMas é bem interessante ;D
Beijos
http://caroleblablabla.blogspot.com.br/
Ahn.. Assim como a Jessica, acho que tenho uma barreira rs!
ResponderExcluirQuando não consigo ler um livro, não adianta: simplesmente não vai.
Um exemplo disso é "Helena" e "A Hospedeira". Este último ainda não abandonei de fato, mas está por um fio.
Beijos, Lu
http://luizando.blogspot.com.br
Quando listei em meus desejos que pretendo ler, ao menos, 1 livro de cada um dos nobeis de literatura, esta foi minha intenção. Acertaria 2 alvos, o primeiro de ler muitas leituras e autores (para mim) inéditos e, o segundo, sair da bendita zona de conforto.
ResponderExcluirUma alegria ler sua lista.
PArabéns!
Beijos
Pâmela Rodrigues
Blog: Liste & Realize
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Acho muito importante sair da zona de conforto. Nem sempre gostamos das novidades, mas a experiência é sempre válida. A minha zona de conforto é bem ampla, felizmente. Eu leria todos da sua lista com prazer. E a sua definição do Dostoievsky é perfeita! Também acho que a escrita dele é incrível, que os personagens são profundos e interessantes, mas que ele poderia maneirar nas descrições desnecessárias.
ResponderExcluirbjo